Dica de livro para quem vai visitar o México

Antes de embarcar para a Cidade do México, tratei de finalizar a minha leitura do livro “Os mexicanos”, de Sergio Florêncio. Dever de casa feito, o livro funcionou como uma introdução à cultura e história do país. Antes de tudo, leitura corrida, com detalhes interessantes e uma escrita agradável. O viajante, e por isso a minha sugestão, só tem a ganhar ao incluir este livro como item de bagagem para bem conhecer o México e seus matizes.

A primeira observação válida que pude extrair do livro, e verificar in loco, é de como “no México tudo é over. Tudo é abundante, visceral, extravagante, extremo!”. O teor da tequila, o picante das chilli, as cores gritantes, o sombrero, a dimensão da cidade, a arte muralista, enfim… tudo beija a grandiosidade. Fotografar o Zócalo, praça principal do Distrito Federal (outro codinome para a Cidade do México), ou andar pelo Paseo de la Reforma são aventuras impossíveis, porque o México, amante do máximo, não cabe nas lentes de nenhuma câmera.

E se do livro citamos a palavra de língua inglesa ‘over’, para bem descrever os extremos do povo mexicano, será também esta palavra que nos dará a pista sobre uma outra característica marcante do México: a influência que sofre dos Estados Unidos (cultural e economicamente). É uma relação ambígua, pois na medida em que o México de americaniza, logo se torna menos México. Vale dizer que o nome oficial do país é Estados Unidos Mexicanos. Ao norte, em cidades como Monterrey, a influência é maior, ao passo que ao sul, a exemplo do Estado de Chiapas, temos as tradições mexicanas mais arraigadas e ainda preservadas. Assim, localizando-se ao centro, a Cidade do México funciona bem como uma síntese, sem ofuscar os extremos e tendo um pouco das duas abundâncias.

O livro dedica ao todo 6 capítulos para falar sobre a história do México, da conquista espanhola à Revolução Mexicana e à criação do PRI (Partido Revolucionário Institucional) que governou o país por 71 anos. Pode parecer um exagero, e talvez o leitor achará um pouco cansativo (confesso que achei), mas o esforço vale a pena, pois no México, mais do que em alguns outros países, a história tem um peso colossal sobre o imaginário popular, havendo um orgulho por ser berço do grande Império Asteca. Para se ter uma dimensão disso é preciso visitar o incrível Museu Nacional de Antropologia, seguramente um dos melhores do mundo, que fica na Cidade do México.
Por fim, o livro dá uma pincelada sobre a economia mexicana, a importância do cinema (deriva daí o hábito de comer pipoca ao assistir filmes, sendo o milho a base da alimentação mexicana), da culinária e o que há de comum ou não com nós, brasileiros. O livro também tem um capítulo curioso sobre os “Dez mais” do México, isto é, as figuras mais amadas e odiadas. Faz todo sentido, pois o México, passional que é, ou ama ou odeia.

 

Livro: Os mexicanos

Autor: Sérgio Florencio

Editora: Contexto

Páginas: 238

 

 

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