Comecei minhas andanças pela Cidade do México (CDMX) percorrendo a principal avenida da cidade – o Paseo de la Reforma. Chegamos no fim de tarde de um domingo, e como ficamos hospedados no bairro da Zona Rosa, fizemos o percurso ao longo do Paseo em direção ao Palácio de Bellas Artes, que fica no centro histórico da cidade. No trajeto, muitos monumentos patrióticos, várias obras de arte e esculturas de figuras ilustres, tudo permeado por muitas árvores e altos edifícios. Foi a primeira impressão da Cidade do México e ela não poderia ser melhor.
O Paseo de la Reforma é uma longa avenida de 12 Km de extensão que atravessa a região central da Cidade. É uma boa metáfora da cultura mexicana, que mescla o antigo com o moderno numa versão over (exuberante, exagerada) de como devem ser as coisas.
Para saber um pouco mais sobre o México, sua cultura e história, indico o livro “Mexicanos”, de Sérgio Florêncio. Temos um post falando sobre este livro AQUI.
Historicamente, o Paseo nasceu das reformas modernizadoras empreendidas na década de 1850 pelo então presidente Benito Juárez. De lá pra cá a avenida foi se tornando um corredor artístico (não estou a exagerar), na perfeita demonstração de que esta seja um cartão de visita da cidade. Ao final, já antecipando o que vem adiante, penso eu que o cartão é belo, agradável, atrativo, provocando em mim o desejo de retorno a este lugar.
Segurança? Antes de tudo, nos sentimos mais seguros nas regiões centrais da cidade do que se estivéssemos em seu equivalente na cidade de São Paulo. Particularmente, a região histórica da cidade do México é mais frequentada pela população e tem menos moradores de rua. Acho que isso ajuda na percepção de que seja um lugar mais seguro.
Ao longo do Paseo de la Reforma, o que ver:
Estela de Luz e Torre Mayor
A “Estela de Luz” é um monumento comemorativo do bicentenário da Revolução e Independência mexicana. De beleza duvidosa, o diferente da Torre é poder vê-la acesa com milhares de leds ao longo dos 104 metros de altura. A Estela de luz está localizada bem na entrada do Bosque de Chapultepec.
Do outro lado da rua, temos a “Torre Mayor”, edifício mais alto da Cidade do México, com pouco mais de 225 metros e 55 andares. É um prédio de escritórios, e o México, amante que é do grande, não poderia deixar de ter o seu arranha-céu.
Fuente de la Diana Cazadora
Inaugurada em 1942, a “Fuente de la Diana Cazadora” possui o nome verdadeiro de “La Flechadora de las Estrellas del Norte”, sendo uma bela escultura da deusa caçadora Diana, obra do artista Juan Olaguíbel. O artista, para conceber sua obra, teve como modelo Helvia Martinez Verdayes, que posou nua para a inspiração das formas e contornos. Sem dúvida, uma das belas esculturas em CDMX que vale a pena fotografar e admirar por longos minutos.
El Ángel de la Independencia
El Ángel, como também é conhecido, é um icônico monumento erigido em comemoração ao centenário da Revolução Mexicana. Apoiado em uma coluna, a escultura de um anjo dourado apontada para o horizonte do Paseo de la Reforma. A base, transformada em mauoléu, guarda importantes figuras da guerra de independência, como o Pe. Miguel Hidalgo, que foi peça singular nos ideais da revolução. Trata-se de outro monumento de belíssimo valor artístico e cheio de simbolismo. O México, assim como o Brasil, está sempre a falar de outras independências.
Dica: Esta enorme rotatória, onde fica este majestoso monumento, é uma das paradas do turibus (ônibus turístico da CDMX).
Glorieta de la Palma e a Bolsa de Valores Mexicana
Mais adiante temos a rotatória “Glorieta de la Palma” (palmeira), que tem uma alta e bela palmeira em seu centro. Trata-se de uma palmeira com quase 100 anos de vida (o primeiro registro da palmeira data de 1920). Ao seu redor, muitas palmeirinhas filhotes dão o contorno à frente de imponentes edifícios, entre os quais se destaca a Bolsa de Valores Mexicana.
Monumento a Cuauhtémoc
À frente, seguindo pelo Paseo, temos o monumento a Cuauhtémoc, último imperador asteca (o mais correto é dizer mexica) e que foi o sucessor de Montezuma II.Cuauhtémoc é o primeiro grande herói mexicano, pois mesmo depois de capturado e torturado não teria revelado o local do tesouro asteca. Lamentavelmente a base do monumento estava com algumas pixações que tiram um pouco da beleza do lugar.
A alguns poucos metros, ao lado da Plaza Luis Pasteur, temos o edifício do Senado da República, que possui um belo relevo do brasão sobre a alva parede do edifício.
Monumento a Colón
Trata-se de um monumento ao navegante Cristovão Colombo, reconhecido como descobridor das Américas. A estátua, de estilo neoclássico, está assentada sobre um pilar de bases largas. Se observarmos de cima através do google maps, o jardim em volta tem o sugestiva forma de um barco. Será essa a mensagem que quiseram passar? Seja como for, o Paseo de la Reforma é um corredor histórico cheio de detalhes a descobrir.
Fuente de la República e El Caballito
E por fim, embora não seja exatamente o fim, porque a avenida continua ainda com muitos quarteirões à frente, mas na rotatória seguinte, temos a Fuente de la República, com seus 20 metros de diâmetro de 700 jatos de água, visam recordar o passado aquático de
Tenochtitlán (toda a área da Cidade do México era um enorme lago na época do Império Asteca). É uma fonte iluminada todos os dias às 21h.
Ao lado, temos El Caballito, do escultor Enrique Carbajal, que apresenta um cavalo em linhas abstratas. Cria-se um belo contraste da escultura diante da torre homônima de vidros escuros, o que me faz lembrar sempre que o México é contraste, ilusão, magia.