No meu primeiro dia em qualquer lugar pelo qual eu estou viajando, normalmente faço questão de ver algum ícone do lugar. Foi assim quando eu cheguei em Londres, cansadíssimo, mas fomos, minha amiga e eu, em busca do Big Ben; e em Paris, quando fomos para o Arco do Triunfo. É o tipo de coisa que eu olho e penso: “realmente estou em Londres” ou “é, estou em Paris…”
Mas mesmo a visão da maior rotatória do mundo em torno do Arco do Triunfo não é suficiente para impedir pobres mortais de sentirem fome. E foi assim, famintos e cansados e com raciocínio afetado, que decidimos matar a fome nas imediações da Champs Élysées, o segundo metro quadrado mais caro do mundo.
Simplesmente genial.
A solução óbvia em um caso desses seria adentrar o McDonald’s mais próximo e, de fato, havia um nas proximidades. Mas a fome tem razões que a própria razão desconhece… e foi assim que fomos parar em um pub em uma travessa da Champs Élysées.
O lugar, com ambiente intimista, era agradável. Até hoje não sei analisar corretamente se a comida estava boa ou se eu estava com tanta fome que achei a comida boa. Era, ainda, nosso primeiro contato com um garçom francês. A expectativa de um atendimento rude não se confirmou, na verdade foi bem tranquilo.
O pedido foi um corte de carne acompanhado de batata fritas e salada e uma coca. Na ocasião eu desejei que a fartura fosse maior. Ao final, o prato cumpriu seu papel de saciar e restabelecer o raciocínio. O único problema foi gastar 24 euros em um prato que não era tão farto quanto a minha fome.
Sei que muitos vão me chamar de mão-de-vaca e esfomeado. Afinal, 24 euros nem é tão absurdo assim e o prato nem era tão mirrado. Sei que, considerando a região na qual estávamos, o estrago poderia ter sido muitíssimo pior. Mas o fato é que depois desse episódio conseguimos boas refeições em outros restaurantes de Paris por uma parcela desse preço. Com esse preço ou menos, é possível comer um bom prato acompanhado de vinho e com sobremesa. Não quero nem pensar em como seria a conta neste lugar com vinho e sobremesa.
Depois de saciada a fome, os pensamentos se colocam no lugar e você se pergunta como, dentre tantos lugares em Paris, você escolhe logo um lugar caro daqueles para entrar no primeiro restaurante que vê. É, acontece.
Depois disso, junto ao vislumbre de um ícone, minha outra prioridade em qualquer primeiro dia de qualquer lugar do mundo é aquela passada no mercado para comprar alguns mantimentos básicos. Uma barrinha de chocolate ou de cereais pode ser tudo o que você precisa para pensar um pouquinho melhor antes de entrar no primeiro restaurante que você vir pela frente na Champs-Elyseés…