Roma é uma cidade de muitos caminhos. Perder-se por suas vias faz parte da beleza de descobrir seus lugares. A primeira vez que fui ao Vaticano, mesmo tendo chegado cedo, acabei descobrindo uma fila homérica para entrar na Basílica de São Pedro, de forma que mudei os planos e busquei uma alternativa ao roteiro pré-estabelecido. A ideia era ter um ângulo alternativo da cidade.
Eu tinha planos de ir ao Trastevere, e sabia também que era possível seguir por uma estrada chamada “Passeggiata del gianicolo“, que contorna o “Parco del Gianicolo”, lugar verde e agradável. “La Passeggiata…” é uma espécie de passeio público dedicado à memória da defesa de Roma, um lugar que mistura natureza e história. Pensei, perché no? Acabei me enveredando por ruas estreitas em busca de tal caminho. O roteiro abaixo narra esta experiência.
Situando-se: primeiros passos
Saindo do Vaticano pela “Via della Conciliazione“, vire à direita pela “Lungotevere Vaticano“, que é uma grande avenida que contorna o Rio Tibre, e continue até avistar uma pequena via chamada “Via di Sant’Onofrio“. Trata-se de uma estreita viela. Será um desafio achá-la, mas foi este o caminho que fiz. Dica? Ao seu lado há um ristorante chamado Divinpeccato. Aqui começa nossa jornada.

Ao fim dessa via eu subi por uma escadaria. Após, virei à esquerda pela “Salita di Sant’Onófrio“. Logo à frente estava a “passeggiata del Gianicolo“, que é onde começa a caminhada “in natura“. Era um dia de sol aberto, mas não fazia calor. Animava-me a sensação maravilhosa de andar por Roma.

A primeira parada, poucos metros a frente, fica numa espécie de “pracinha local”, diante da qual fica o hospital pediátrico “Bambino Gesú“. É um lugar bem tranqüilo, com cara de bairro.
Seguindo, metros à frente a “Passeggiata…” faz uma longa curva em “U”, sendo possível cortar caminho pela “Rampa Della Quercia“. Observei que outros caminhantes subiam por estas escadas, e não pensei duas vezes.

Ao longo do passeio, a sua esquerda, varandas panorâmicas permitem vistas da cidade, emolduradas pelo verde das colinas, num cenário de grande beleza.

Andando mais um pouco, temos a “piazzale del Faro“, onde há um farol construído em 1911 pelos italianos que migraram para a Argentina. O farol é belo, mas de tamanho modesto. Meio sem graça, verdade seja dita rs. Fiquei na dúvida se ele funciona. Mas, de qualquer forma, gosto de faróis, fazem-me lembrar de navegações, tempestades, piratas e histórias.
Seguindo, temos à direita do caminho, uma estátua eqüestre dedicada a Anita Garibaldi, a brasileira que se uniu a Giussepe Garibaldi em batalhas tanto no Brasil quanto na Italia, daí ficar conhecida como a “heroína dos dois mundos”. É uma bela estátua, abaixo da qual crianças brincavam na bela tarde de sol.

Como grandes batalhas foram travadas neste local onde agora passeamos, temos também, nesta parte do caminho, uma sequência de bustos em mármore dedicados aos heróis do Rissorgimento italiano. Ao todo são 84 bustos. A sequência produz um efeito bacana, em meio às árvores, parecendo mais uma frente de batalha. Detalhe: todos estavam muito bem preservados.
Finalmente chegamos no ponto mais alto do Gianicolo, onde temos uma grande área aberta com a enorme estátua eqüestre de Giussepe Garibaldi. Dali se estende uma varanda com vista de 180° para a cidade de Roma. Descrição sucinta do lugar: pequenos quiosques e carros de gelatos compõem a cena, pessoas tiram fotos, e carruagens aguardam o próximo cavalheiro a embarcar.



A partir daí, continuando pela “passeggiata del gianicolo“, iniciamos a decida. Logo, cairemos na via garibaldi, tendo pouco à frente a “Fontana dell’acqua Paola“, uma enorme fonte construída entre 1585 e1588 pelo papa Sisto V. Na frente há alguns bancos para descanso e contemplação. Vale dizer, esta fonte serviu de inspiração para a construção de outra, que futuramente se tornaria mais famosa, a tão célebre Fontana de Trevi.
Nosso trajeto está chegando ao fim. Agora é só descer pela “Via di porta S. Pancrazio” e você estará dentro do Trastevere, um lugar genuíno, que conservou o jeito romano e as tradições melhor do que em qualquer outro lugar.
Todos os caminhos levam a:
Passeggiata del gianicolo
2 pensamentos em “Caminhos de Roma – do Vaticano ao Trastevere”
Fiz curso em 1979 em Roma, retornei mais recentemente neste verão de quase 40 graus,ainda bem que os “nazzone” nos supre de água em vários pontos da cidade.
Como andamos pacas e sabia da subida não fui rever o Gianicolo que em 79 ia com minha “machina” uma Simca 1967,rs.
Fiz uma rota com minha família esposa,filha,genro e dois netos( pô para o vô tudo é pertinho )e é cada andada ,vc deslumbra uma belezura.
Piazza Navona,Igreja Sopra Minerva( um obra prima pouco divulgada Gesu de Michelângelo),Pantheon,Parlamento Italiano na Piazza da Coluna,Templo de Adriano,a Cereja do Bolo Roma a Fontana de Trevi,Palácio del Quirinale,Pizza de 4 Fontane( nada demais),Piazza Barberini ,próximo na via Vêneto a Igreja Capuchinos com suas “capelas de ossos “ é caro em 79 era grátis,continuando a marTona demos uma parada para uma macarronada,depois Trinitá de Monti por cima da escadaria que acessa a Piazza de Spagna,depois Vila Borghese no início tem a Terrazza del Pincio onde se veslumbra abaixo a Piazza del Populo e ao longe a cúpula de S.Pietro, depois entrando na Villa até o Relógio d’água que apesar de muitos anos atrás ainda marca a hora exata,depois fomos até ao Lagheto,não fomos no Museu Borghese ,onde me recordo de 79 da estátua do Rapto das Sabinas, e há também o Zoológico,voltando a minha marcha saímos da Villa em direção estação do Metrô Flaminio,antes da condução fomos até a Piazza del Populo com o Obelisco, suas basílicas gêmeas ,fontes .
Para quem ache que seja árdua no verão informo que tenho 7.5 única vantagem que a adrenalina por admirar a Capital do Mundo tiramos de letra
Fantástico relato Ademir! obrigado por compartilhar sua história com a gente. Só de ler dá vontade de voltar para Roma. Abs