Localizada na região central da Itália, a Toscana é famosa por seus belos vinhedos, estradas, vilarejos medievais e campos de girassóis. É um cenário idílico perfeito para ser percorrido de carro, pois os vilarejos são próximos e as estradas são tranquilas. Mas, para que sua viagem seja agradável é preciso se informar bem antes e se planejar. Neste post pretendo dar algumas dicas para auxiliá-lo na sua viagem. Vejamos…
A Toscana é o destino perfeito para um roteiro romântico, uma lua de mel, uma ‘pausa’ da vida moderna em direção ao simples e ao rústico, pois ostenta duas grandes qualidades: boa gastronomia e paisagens belíssimas. Encanta porque não impõe nada, exceto, a beleza recatada das vilas medievais interioranas.
Ponto de partida
Florença é a principal cidade da Toscana, e foi a partir dela que iniciamos nossa viagem de carro. Se for uma opção, escolha sair de Florença. Chegamos pelo aeroporto Américo Vespúcio (principal aeroporto), que tem uma boa oferta de Agências de aluguel de carro. Ao sair do aeroporto, caminhando para o lado direito há uma parada de ônibus gratuito até onde estão localizadas as agências de aluguel. Essa é a melhor opção para você chegar ao pátio das locadoras de automóveis, que fica bem próximo, mas que é separada por uma auto-estrada.
Alugando carro
Optamos pela europcar, seja pela boa experiência anterior (em Lisboa) seja porque dispunha do específico carro que tínhamos interesse em alugar: um mini cooper conversível. Vale lembrar que, ao pegar o carro, faça uma vistoria criteriosa, tirando fotos (fiz até vídeo do momento), apontando eventuais avarias (arranhões na pintura, amassadinhos, etc) e observando se estão devidamente apontados no laudo de vistoria que acompanha o contrato de locação. É uma chatice isso, mas tem que ser feito.
Uma outra questão que parece irrelevante é o tamanho do carro. Nossa sugestão é: opte por carros menores, de pequeno porte, e isso fará toda diferença na hora de estacionar e se locomover nas estreitas vias regionais. Toscana combina com leveza, slow travel e direção suave.
Fazendo as contas, observamos também que não vale a pena alugar o GPS, pois sairá mais barato comprar um chip internacional (compramos o easysim4, que funcionou muito bem) e usar serviços como o waze ou google maps para se guiar.
Habilitação
Quando viajamos para a Toscana, início de outubro, a CNH brasileira ainda não era oficialmente aceita na Itália. Embora fosse raro pedirem nas locadoras de automóveis, para estar corretamente dentro da lei era necessário tirar a PID – Permissão Internacional para Dirigir. E assim fizemos, na época.
Felizmente, após o Decreto Legislativo 151 de 2017, foi aprovado a reciprocidade de reconhecimento das carteiras de habilitação entre o Brasil e a Itália, com vigência a partir de 13/01/2018 em território italiano. Assim, não é preciso mais tirar a PID e a nossa CNH é válida também na Itália.
Pedágios? Como funciona?
Mesmo que você planeje se deslocar principalmente pelas estradas regionais do interior da Toscana, pode ser que em algum momento (é provável) que você pegue uma estrada com pedágios. Então, quando isso acontecer, fique calmo e entenda como funciona. Primeiro, dirija-se para a cabine em que o pagamento seja feito em dinheiro, tal como a foto abaixo:
Na entrada de qualquer estrada com pedágios na Itália você deve pegar um papel impresso que sinalizará o início do trajeto em que você irá percorrer. Guarde este papel e não o perca. Nenhum pagamento é feito neste momento. Então, após dirigir ao longo da estrada e quando for pegar uma saída para uma estrada local haverão cabines para fechar a “conta”, isto é, calcular quantos quilômetros foram rodados e qual o valor a ser pago, já que é neste momento que você irá introduzir na máquina aquele papel impresso inicial que foi retirado na entrada. Procure ter dinheiro e moedas para não depender de um cartão que, sabe-se lá, pode vir a ser rejeitado. Então efetue o pagamento na máquina (normalmente) ou direto com o atendente na cabine, se houver algum de plantão.
Abastecimento
Na Itália você tem duas opções de abastecimento: self e serv (servito). Na self você mesmo faz todo o serviço. Escolhe uma bomba, quantos euros pretende gastar e a máquina libera o uso. Na serv um funcionário vem e faz todo o serviço e você paga diretamente pra ele. A moral da história é que os preços são diferentes. Você pagará mais barato (alguns centavos…) se usar a self. Mas, vale dizer, na maioria das vezes você terá que fazer o serviço por conta própria, o que é muito comum por lá.
Além disso, é importante entender que a maioria dos carros são movidos a Diesel (Gasolio) ou Gasolina (benzina), cuidado com os falsos cognatos. Verifique bem no momento da locação do automóvel com que tipo de combustível ele deve ser abastecido. Se houver dúvidas (esqueceu?), verifique no contrato. Para abastecer e deixar o tanque cheio escolha pieno.
Estrada SR 222 – Chiantigiana
Provavelmente, a bela estradinha com ciprestes simétricos ornando colinas da Toscana deve ser a Strada Regionale – SR 222 – também chamada de chiantigiana, que liga Florença a Siena, cortando toda a região do Chianti, maior produtora de vinhos do país. Este era nosso roteiro: sair de Florença no primeiro dia e chegar a Siena ao fim da tarde, por esta famosa estrada percorrida pelos que estão de férias e querem curtir a paisagem, fazendo paradas e apreciando o caminho.
Grosso modo, saindo de Florença, ao colocar no Google maps o destino Siena, o aplicativo vai fazer uma rota mais rápida que vai pela A1, que é uma grande rodovia que liga o país de norte a sul. Mas a idéia é seguir pelas estradas regionais (SR), que são mais tranquilas e possuem belas paisagens. Afinal, dirigindo a 100 Km/h na A1 você não consegue ver nada, só vai chegar rápido ao seu destino.
Então, para seguir pela estradinha cinematográfica, vá em opções e clique para evitar “rodovias”. Assim, uma das opções que o aplicativo dará é a VIA SR – 222 – Chiantigiana.
Zona de Tráfego limitado
Sabemos que turista é problema, rs, já que há muitos deles fazendo trapalhadas. Talvez por isso existam, nas cidades italianas, as Zonas de Tráfego Limitado (ZTL), em que apenas os cidadãos locais com permissão podem transitar com automóveis. Geralmente essa região é o centro histórico, e são bem sinalizadas com placas indicando se tratar de uma ZTL. Tais zonas são limitadas por portas de acesso, onde o controle através de câmeras é bastante efetivo.
Paradas, vinhos e vilarejos pelo caminho
A partir do Vilarejo Castelina in Chianti você entra na SR-222. A estrada é de mão dupla, mas possui ótimas condições de dirigibilidade e baixo fluxo de veículos. Ao longo do trajeto, há várias opções de acostamento para tirar fotos e apreciar a paisagem bucólica.
Curiosidade: sabe-se que o cipreste-italiano, embora esguio e com ares de leveza, é uma espécie de grande longevidade. Sabe-se que alguns vivem mais de um milênio. Como guardam dentro de si grande teor de umidade, são muito resistentes às queimadas.
Minha sugestão de parada é na venda direta (ao lado da estrada) do Castelo de Verrazzano (após aproximadamente 45 minutos de viagem), fácil de identificar pela enorme rolha que existe na entrada. Trata-de de uma venda de estrada muito charmosa, com uma boa estrutura para receber o turista, e que possui vinhos e azeites da própria vinícola. Ao lado tem uma estradinha que leva ao alto da colina onde está a Hosteria di Verrazzano, para quem deseja se hospedar.
Mais à frente, uns 12 minutos, você já estará em Panzano, um vilarejo cortado pela SR 222. O lugar é famoso por abrigar Dario Cecchini, o açougue mais antigo da Itália. Possui aquela que é considerada a melhor bisteca Fiorentina de tooodaa a Itália. Se estiver na hora do almoço, há menu de 30 e 50 euros, para duas pessoas, com opção vegetariana também. Se observar, Panzano é pequenina (pleonasmo puro dizer isso), mas tem várias opções gastronômicas entre restaurantes, enotecas e pizzarias.
Uma enoteca que não visitei, mas que parece uma boa opção, é a Enoteca di Fonterutoli, localizada à beira da estrada SR 222, no burgo de Fonterutoli. É uma típica vila de uma rua apenas (a própria SR 222), mas que tem a sua igreja, uma piazza, sua vinícola (Mazzei) e enoteca, um B&B bonito e interessante, localizado em um Castelo.
Atenção: pra ver os campos de girassóis, é preciso ir pra Toscana no verão, pois o auge da floração é o mês de julho. Além disso, em estradas ao longo da região de Val D’orcia, próximo de cidades como Pienza e Montalcino suas chances de encontrar os campos floridos de girassóis são maiores!
Espero que as dicas sejam úteis a você viajante. Se tiver alguma sugestão, conte pra nós nos comentários.
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