Quando eu pensava em Escócia, algumas das primeiras coisas que me vinham à cabeça eram a capital, os homens usando saia e o instrumento musical típico de lá. Em outras palavras, Edimburgo, kilts e gaitas de fole. Era o meu conceito interno em relação a este pedaço por mim ainda desconhecido do Reino Unido.
Edimburgo é muito diferente de Londres. Sem entrar no mérito político de separatismo, fiquei com a impressão que a cultura escocesa é realmente bem singular e você se sente em um lugar realmente muito diferente, se comparado à Inglaterra. Não fosse uma ou outra cabine vermelha de telefone pela rua, poderia não se dizer estar no Reino Unido.
Se você vem da Inglaterra, o sotaque não será tão estranho aos ouvidos. Pelo menos com as pessoas da cidade que pude conversar um pouco, não senti uma diferença tão grande, tampouco maiores dificuldades de compreensão. Diferenças há, mas não são tantas que você pare e pense: “sério que isso é inglês???” Não garanto o mesmo no interior do país.
A capital, Edimburgo, de enorme riqueza cultural, arquitetônica e histórica, ainda não está tão no mapa dos viajantes brasileiros. O acesso é relativamente fácil, pois há trens de alta velocidade partindo de estação King’s Cross em Londres que fazem o trajeto em pouco mais de 4 horas.
Os rumores que eu ouvia sobre o tempo são verdade: instável e com bastante vento. No dia em que cheguei, a chuva, o frio e o vento me fizeram ficar indoor o dia inteiro: do hostel para um pub, do pub, para um café, do café para um restaurante. Era finzinho de inverno.
As ruas e monumentos ficam muito bonitos à noite. É uma cidade antiga e com jeito de cidade antiga, cortada aqui e acolá por modernos bondinhos desfilando pelas avenidas.
O castelo fica no topo da cidade e mirantes naturais como o Arthur’s Seat, no topo de uma colina que exige uma hora ou mais de caminhada para ser alcançada, descortinam vistas lindas da cidade. E é aí que você nota que Edimburgo é uma cidade rodeada por montanhas e pelo mar do Norte.
E as kilts?
As famosas saias eram uma grande curiosidade minha. Sim, elas realmente são usadas, inclusive com roupas sociais, formando uma combinação super interessante. Ao perguntar se elas eram realmente um tipo de vestimenta comum na cidade, pois eu não havia visto muita gente de kilt pelas ruas, obtive a explicação: a kilt é, via de regra, um traje formal, usado para casamentos, festas, funerais, etc. O rapaz me disse que ele até tinha uma kilt que ele utilizava para trabalhar, mas que não seria o caso no inverno, e sim com um tempo mais agradável. Não posso culpá-lo.
Quanto às gaitas de fole…
O som característico da gaita de fole ressoa pela Royal Mile e pela Princess Street, duas das principais, senão as principais, ruas do centro de Edimburgo. Nas proximidades do castelo sempre há alguém tocando. É típico e bacana de assistir. Por curiosidade, fui ver o preço de uma: 125 libras em uma loja próxima ao Castelo de Edimburgo, uns 500 e poucos reais
Um algo interessante da cidade é que Edimburgo possui uma vibe meio sombria, um lado meio dark. Não à toa, você vê vários walking tours com a temática de assombrações ou fantasmas rolando pela cidade.
Na arquitetura, muitos monumentos e igrejas são feitas de um material que lembra tijolos queimados, escuros. Dá a impressão de a cidade ter passado por um grande incêndio e sobrevivido e tais cores escuras, envelhecidas e enegrecidas pelo tempo, dão um ar único à cidade.
SIm, Edimburgo, kilts e gaitas de fole. Mas muito mais que isso. Tanto mais que justifica pegar aquele trem de Londres e gastar uns bons dias em Edimburgo.
Da janela do trem você verá campos com um outro ícone: as ovelhas branquinhas pontuando o verde dos pastos. Se você tiver tempo, é justificável se demorar ainda mais e ir para o interior da Escócia.
Afinal, o Lago Ness fica no interior da Escócia. Quem sabe você não vê o monstro por lá?