Este era o passeio mais temido do Deserto do Atacama, ao menos pelo nosso grupo: Geysers del Tatio. Os motivos? São as temperaturas mais baixas e a altitude mais elevada que enfrentaríamos. Fizemos o passeio com a Jae’s Adventure, e a experiência vai contada a seguir.
O passeio sai ainda de madrugada: o guia veio nos buscar ali por volta das 5 da manhã. O motivo disso: os geysers estão em total atividade ainda antes do sol nascer, de forma que eles vão acalmando conforme o sol vai saindo. Ou seja, é interessante estar lá em cima cedo.
O primeiro ponto foi que uma integrante do passeio estava meio perdida ou tinha passado um ponto de encontro muito ruim. Demorou a achá-la, mas o guia não desistiu dela. Com o grupo completo, seguimos.
No meio do caminho o carro começou a ficar esquisito. Em certa parte dele, o carro quebrou. 😛 Perrengues também fazem parte da viagem, afinal. Outro carro foi mandado para nos buscar, mas aqui nos ficou a dúvida: seguir viagem? Não seria melhor remarcar o passeio? Entre a demora pra encontrar a menina perdida e o tempo de chegar uma nova van, já víamos o sol querer despontar seus primeiros raios em breve.
Assim, perderíamos os geysers em sua atividade raivosa.
Um grupo decidiu seguir passeio e outro grupo, no qual nos incluímos, decidiu voltar com a van defeituosa. Conversamos na Jae’s e eles remarcaram o passeio conforme nossa preferência, para dali a um dia. Felizmente tínhamos essa margem na agenda e a solução foi satisfatória.
Dali um dia, pulamos novamente às cinco da manhã. Dessa vez o guia era conhecido, o mesmo que nos guiou nas Lagunas Escondidas Baltinache, Javier.
Dessa vez tudo deu certo e o passeio foi sensacional.
Chegamos lá em cima ainda antes de amanhecer. A temperatura: 15 graus negativos, com sensação de 30 graus negativos! Eu fui preparado da seguinte forma para enfrentar o frio: duas calças (uma moleton + uma jeans); duas meias, com um tênis comum; quatro camadas de blusas; cachecol, luvas e gorro. Eu tinha medo do frio, já que nunca tinha vivenciado uma temperatura tão baixa, mas estas roupas deram conta do recado.
O negócio é se vestir em camadas. Conforme o tempo vai esquentando, você vai tirando as camadas extras de roupa.
Não dava pra ficar muito tempo filmando, pois os dedos começavam a ficar meio dormentes por causa do frio. 😛 O cenário do local é impressionante, com um quê apocalíptico. A lava vulcânica aquece a água nos lençóis subterrâneos e, com a pressão, essa água jorra para fora da terra junto com vapor, a altas temperaturas e, muitas vezes, de forma violenta.
Um espetáculo impressionante da natureza.
Os caminhos nos quais podemos andar são demarcados com pedrinhas. Aquelas pedras não podem ser ultrapassadas e o desrespeito a esta regra já gerou acidentes fatais. Estamos em um campo geotérmico e, se porventura você pisar onde não deve e o solo ceder, já dá pra ter uma ideia do que vai acontecer.
O guia passeia conosco pelo lugar e nos mostra a piscina natural na qual os corajosos o suficiente para enfrentar o frio podem entrar. Pra mim não rolou: ainda estava frio demais e a água não estava tão quente pra me animar à empreitada.
Tomamos um delicioso café da manhã ali, com os geysers ao redor e olhando pra Cordilheira dos Andes, de pertinho. Inesquecível.
Eu pensava que o passeio era só isso (e já seria muita coisa!), mas não. Ao sairmos dos geysers, passamos por lagos congelados e por um cânion! O guia nos mostra vicunhas, aves e até raposinhas na estrada, estas infelizmente sem nenhum instinto selvagem, já que as pessoas ficam dando alimentos a elas. São filhotes que vão crescer sem saber caçar e sem saber conseguir o próprio alimento na natureza.
Continuando o passeio, ainda paramos no povoado Machuca. Bem pequenino, com pouquíssimas casas, com uma igrejinha e com uma iguaria que você pode provar ali: o espetinho de carne de lhama.
Aí sim, depois do povoado, seguimos de volta a San Pedro de Atacama. Tanto na subida quanto na volta dos geysers é importante tomar água com frequência. Na descida o corpo também sente a mudança de altitude e uns golinhos de água frequentes ajudam bastante.
Como os Geysers del Tatio possuem temperaturas mais extremas e a maior altitude entre os passeios mais comuns do Atacama, recomenda-se esse passeio para os últimos dias da viagem. Uma boa aclimatação com outros passeios, como Vale de la Luna, Lagunas Escondidas Baltinache e Lagunas Altiplânicas, é essencial para o corpo já estar acostumado às altitudes elevadas.
Todos os caminhos levam a:
GEYSERS DEL TATIO
Altitude: 4.500 metros
Duração: 7 horas aproximadamente
Recomendado para: últimos dias em San Pedro de Atacama
O que levar: protetor solar, hidratante corporal e facial, protetor labial, água e roupas de frio intenso. Não esquecer de tomar água com frequência. Vá vestido em camadas e não se esqueça de tomar uns goles de água com frequência.
Quanto: 20.000 pesos do passeio (inclui café da manhã) + 10.000 pesos de entrada (entrada é paga na hora e em dinheiro). Este é o preço que pagamos, sendo que há variação entre agências (para mais e para menos). No nosso caso, fizemos com a Jae’s Adventure. Preços em 2019.