Viajar sem despachar – a prática do desapego

Conversando esses dias com um grande amigo meu, com quem tive a oportunidade de fazer viagens para Belo Horizonte e Porto Alegre/Gramado, ele disse: “a melhor coisa é viajar sem despachar”. Concordo plenamente.

Nossas mochilas em Belo Horizonte, Minas Gerais
Nossas mochilas em BH

Nessas duas viagens, ambas de poucos dias, fomos cada um com uma mochila e só. Eu já achava isso fantástico até ler uma matéria fantástica do Viaggiando, a qual você pode ler neste link, que me abriu a mente para viajar, definitivamente, sem despachar.

Sempre que eu pensava em viajar só de mochila, principalmente por vários dias, eu já pensava naquelas mochilas cargueiras e não via um grande apelo para trocar minha mala de rodinhas por uma daquelas. Agora, quando eu leio um artigo que me fala de viajar só com minha mochila simples, aquela que eu uso no dia a dia, para qualquer lugar do mundo? Opa, aí sim!

O conceito é simples e exige desapego do excesso. Não adianta querer levar um guarda roupa e meio na mochila porque não vai rolar. O esquema é montar um kit de viagem funcional que caiba na sua mochila e utilizar lavanderia quando necessário.

A primeira vez que eu fiz a experiência foi na viagem de uma semana para a Itália.

Minha mochila para uma semana na Itália
Minha mochila para uma semana na Itália

O conteúdo levado para uma semana, incluindo as roupas que eu estava vestindo, foi basicamente o seguinte:

  • 1 jaqueta jeans
  • 1 jaqueta de moletom
  • 1 suéter
  • 1 camiseta pólo
  • 7 camisetas simples
  • 2 calças jeans
  • 9 meias
  • roupas íntimas
  • 1 par de tênis
  • chinelos
  • óculos escuros
  • roupas surradas para dormir
  • celular
  • máquina fotográfica
  • guia de viagem
  • diário de viagem
  • carregador de celular
  • documentos, cartões, dinheiro
  • sabonete
  • necessaire contendo:
    • escova de dentes, fio dental, etc.
    • remédios como dipirona, antiinflamatórios, etc.
    • shampoo
    • desodorante
    • perfumes
    • e, seu não me esqueci de nada, é isso! =D

 

Parece bastante para caber em uma mochila? De fato, é. A camiseta pólo, mais volumosa, eu fui vestindo, bem como uma jaqueta. Levei mais uma blusa na mão, para a mochila não ficar tão estufada. As outras camisetas eram daqueles panos mais fininhos e que não amassam, então tomavam pouquíssimo espaço. Analisando hoje, acho que daria para enxugar aquela mochila ainda mais.

Uma das grandes sacadas está nos líquidos, que possuem restrições para serem levados em bagagem de mão. No geral, os líquidos precisam ser acondicionados em frascos de até 100 ml e vedados em embalagem plástica transparente de, no máximo, 20 x 20 cm.

O jeito é acondicionar shampoo e outros líquidos em frascos menores. Para perfumes, eu gosto de utilizar aquelas miniaturas de amostrinhas, funcionam bem, rendem mais do parece e tomam nada de espaço. Compre um desses kits para voo, que já vem com a embalagem ziplock e os frascos.

Outra coisa que eu fiz foi levar umas roupas surradas para deixar pelo caminho. Lembra do desapego? Pois é, aquilo que eu podia usar e jogar fora sem peso na consciência abria espaço na mochila para trazer as lembrancinhas de viagem.

Além da economia de tempo por não precisar despachar no aeroporto, uma vantagem fantástica é o conforto de viajar leve. Viajar tendo que se preocupar em carregar um trambolho é bem cansativo. Na Europa, várias estações de metrô não possuem escadas rolantes. Sabe quem vai ter que carregar sua malona pra cima e pra baixo né?

Você não precisa carregar um fardo tão pesado como o Elefante de Bernini. Viaje leve! :)
Você não precisa carregar um fardo tão pesado como o Elefante de Bernini. Viaje leve! 🙂

Na hora de arrumar e desarrumar suas coisas tudo é muito mais ágil também. Aliás, quem nunca levou um mundo na mala para depois perceber o exagero? Convenhamos, a gente tem inclinação a colocar um monte de coisa inútil na bagagem e exagerar nas quantidades.

Na próxima viagem, por que não fazer a experiência? Se achar a mochila algo muito extremo, tente primeiro uma mala média com rodinhas, que já é bem mais manejável do que aquelas malas gigantes. Depois de viajar leve uma vez, aposto que você não vai querer outra coisa.

Sou servidor público, paulistano e fã de Beatles. Viajar me dá motivos para escrever e escrever me dá desculpas para viajar. Tenho um calendário em casa e um na mesa do trabalho, no qual planejo feriados, férias e viagens.

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