Viagem de carro pela Suíça – 1º dia – Lugano

Os preparativos

Acordei sonolento e caminhei até a janela do quarto. Uma chuva constante persistia desde a noite anterior, e o estacionamento estava cheio de poças d’água. Havíamos combinado de nos encontrar às 8h para o café da manhã, mas certamente iríamos atrasar, pois na noite anterior várias taças de vinho ficaram vazias.

O hotel em que estávamos – Ibis Milano Malpensa Aeroporto – surpreendeu-me positivamente. Os quartos seguem o padrão da rede, mas o restaurante tinha boa comida e estava até bem animado. É uma boa opção para quem chega pelo aeroporto de Malpensa (apenas 7 minutos de carro) e vai apenas passar a noite, para no dia seguinte seguir viagem.

Viajávamos num grupo de 4 pessoas. Eu e minha esposa Nanda. Minha irmã Iara e sua filha Yasmim. Planejamos a viagem por uns 5 meses, e nosso plano era percorrer a Suíça de Carro por 6 dias. A Suíça é uma ótima opção se você quer conhecer um país da Europa de carro, porque é um país pequeno e os deslocamentos diários dificilmente passarão de 1h30. Mas, para não fazermos grandes deslocamentos, escolhemos duas localidades para hospedagem: A primeira, próxima de Lucerna, e a Segunda, perto do Lago Léman, que tem importantes cidades vizinhas.

Optamos por ficar em acomodações de airbnb, pois seria mais barato e divertido. Como se sabe, a Suíça é um país caro e queríamos poder gastar com outras coisas.

Tudo isso para dizer que, na hora de sair do hotel e iniciar, finalmente, nossa viagem de carro pela Suíça, a chuva ainda corria lá fora, e havia uma mistura de animação e preguiça difícil de equilibrar. A gente às vezes fica meses planejando uma viagem, e de repente, não sabemos muito em que direção ir.

Colocadas a bagagem no porta-malas do carro – um Ford Kuga cinza alugado na Sicillybycar no aeroporto de Malpensa, e ainda com vários pingos d’água sobre nossos casacos, começamos a percorrer as ruas tomada pelas águas da chuva que caíam como num dilúvio naquele dia de novembro. Alugar o carro na Itália ficava mais barato do que alugar na Suíça, e faríamos todos os deslocamentos de carro.

Atravessando a fronteira (Itália / Suíça)

Fronteira da Itália com a Suíça – Posto de imigração

Antes de pegarmos a rodovia, passamos no mercado Carrefour para a compra de alimentos. Foi uma decisão acertada, e compramos de tudo – pães, manteiga, embutidos, queijos, massas, vinhos, frutas, legumes, etc. Ao sair do mercado, a chuva havia cessado, o tempo estava clareando, e partimos rumo ao Punto Grill, restaurante de estrada localizado ao lado da fronteira entre Itália e Suíça. 

A primeira parada, o Punto Grill, era estratégica, pois tínhamos que comprar o adesivo para trafegar em estradas suíças (é obrigatório!) – chama-se VIGNETTE – ao custo de 42 euros. Na Suíça não há pedágios. Se o adesivo estiver colado de forma visível no parabrisa do carro, não há com o que se preocupar caso seja parado pela polícia rodoviária.

A passagem pela fronteira foi tranquila, mais do que poderíamos imaginar. Não fomos parados, e em pouco tempo estávamos deslumbrados com a paisagem suíça de lindas montanhas e um cenário bucólico majestoso.

Monte Brè

Chegamos a Lugano, na região de Ticino, e fomos direto para o Monte Brè, que fica a 933 m de altitude, o que permite ao visitante ver a baía de lugano, a cidade lá embaixo, e as nuvens passeando sob seus pés. Dizem que este é o ponto mais ensolarado da Suíça, mas naquele dia de novembro tudo o que víamos era uma densa cortina de névoa se movimentando rapidamente. Fazia frio, muito, e ainda não estávamos totalmente preparados para um ar tão gélido. Mas queríamos nos aclimatar, sentir o ar das montanhas, e estávamos apenas nas primeiras horas da nossa roadtrip.

O cenário era meio lúgubre, pois não havia mais ninguém ali. Ninguém, exceto nós, claro. O disputado restaurante Vetta Monte Brè estava fechado. Ele funciona até meados de outubro. Em dias de sol seria uma ótima opção para um almoço. Mas, tiramos algumas fotos e voltamos para o carro. A neblina, em alguns momentos era tão forte que parecia aqueles nevoeiros que surgem de repente no desenho animado Scooby Doo.

Vilarejo de Brè ao fundo

Na descida do monte, pela via alla vetta, fizemos algumas pausas para mais fotos, mais especificamente, no ponto panorâmico, com uma vista incrível para a vila de Brè, com as montanhas e o Lago de Lugano ao fundo.

Lugano

Após a descida, deixamos o carro no estacionamento localizado no subsolo do LAC (parcheggio LAC), um Centro de Arte e Cultura de Lugano, que tem ótima localização para, a partir dali, conhecer toda a parte baixa da cidade, às margens do lago. A maioria dos estacionamentos na Suíça são no subsolo, e há muita facilidade para achá-los pelos caminhos que percorremos.

Pouco à frente temos a Igreja Santa Maria Degli Angioli, que não chegamos a visitar, mas que possui afrescos de Bernadino Luini, discípulo de Leonardo da Vinci. Espero poder visitá-la em outra oportunidade. Mas, fica a dica.

Saindo pelo LAC, caminhamos pela Via Nassa, uma rua histórica com várias lojas, de joalherias a charutarias, e fiquei pensando que um charuto naquela tarde de frio cairia bem.  

Toda essa região é bem agradável para ser percorrida a pé. A influência italiana é bem grande, sendo que, embora estivéssemos na Suíça, o idioma oficial é o italiano. Logo já estávamos na Piazza della Riforma, a praça central onde está localizado o edifício da prefeitura de Lugano. Nesta parte há muitos cafés, restaurantes, pizzarias, gelaterias, etc. Como se vê, estamos na Suíça, mas parece a Itália, porém mais organizadinha. Um verão por aquelas bandas deve ser incrível, os passeios de barco, as trilhas e, é claro, os muitos gelatos pelo caminho.

Se tiver tempo, faça um pequeno desvio e suba pela via Cattedrale e, virando ao fim desta na Via Borghetto, você chega na Catedral de Saint Lawrence, que é muito bela e vale a visita. Além disso, pelo esforço da subida, você terá à frente uma ótima vista da cidade, inclusive, com uns banquinhos para sentar e descansar.

Lago de Lugano

Seguimos pela orla do Lago de Lugano até o Parco Ciani, onde está localizado o Cancello Sul Lago di Lugano, que é um interessante portão que dá diretamente no lago. Sem dúvida, um ótimo lugar para se tirar uma fotografia, que foi o que fizemos.

O Lago de Lugano e o Monte San Salvatore à direita, que é um pouco parecido mesmo com o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.

Queria ficar mais em Lugano, mas estávamos de passagem. Acordamos na Itália e queríamos dormir no cantão suíço de Schwyz (nem tente pronunciar), mais especificamente, na comuna de Gersau. As horas já estavam avançadas, e dali retornamos para o carro, pois tínhamos ainda bastante estrada pela frente.

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